vale do silencio resumo a completar (1), AK, studia

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“Antes denominada por Mata dos Olivais, o Vale do Silêncio foi criado em terrenos de antigas quintas, entre 1966-1968, para satisfazer a necessidade de um jardim para o recém-nascido bairro dos Olivais.” 1

A criação do parque do Vale do silêncio é indissociável do plano de urbanização dos Olivais Sul sendo que para explicar a sua génese é necessário remontar a 1959, ano em que foi promulgado o decreto de lei nº 42 454 de 18 de Agosto em que se “definia um modelo de crescimento ordenado da cidade de Lisboa que se realizaria ao longo da década de 1960 na edificação das unidades urbanas de Olivais Norte, Olivais Sul e nas tentativas de realização do Plano Geral de Urbanização de Chelas” 2. Surgiu para este efeito, o GTH – Gabinete Técnico de Habitação – na Câmara Municipal de Lisboa que inicialmente era liderado pelo arquitecto José Rafael Botelho e depois pelo arquitecto Carlos Duarte. “Este gabinete era multidisciplinar e era constituído por arquitectos relativamente jovens, quase todos na oposição ao regime e pertencentes a uma geração para quem a Carta de Atenas e o urbanismo racionalista já não eram referências maiores.” 3.

 

O plano de urbanização de Olivais Sul estruturou-se em seis células, dispostas em torno de um futuro “centro cívico-comercial principal”, só tardiamente realizado, que era, desde o início, uma peça fundamental, garantindo um funcionamento semi - autónomo do bairro em relação à cidade. Agenciados segundo raios de influência e acompanhando a concentração da população, distribuíam-se localmente todos os equipamentos básicos – escolas e comércio. À escala do bairro, previam-se centros cívico-comerciais (um principal, dois secundários), parques principais, instalações desportivas e igrejas. A localização destes grandes equipamentos levava em conta a rede viária e assentava numa linha longitudinal também teoricamente predefinida no plano. O sistema viário era complementado por uma rede de percursos pedonais independente e claramente demarcada, pela localização e tratamento formal, da circulação “mecânica”.

A importância e a valorização dos espaços livres foram premissas fundamentais para o desenho destes planos pelo que, para além de áreas de vegetação junto às habitações, reservaram-se duas grandes zonas verdes para o conjunto da população, ambas localizadas na célula C (o actual parque do Vale do Silêncio [9.78ha] e o parque urbano da Quinta do Contador Mor [4.1ha] , nas proximidades do centro cívico-comercial principal), só tardiamente realizadas 3. “Os espaços ajardinados em Olivais Norte, Olivais Sul e parte dos ajardinamentos de Chelas, foram planeados e instalados pelo serviço de arborização e ajardinamento do GTH”4. O desenho actual do parque é substancialmente diferente do que primeiramente foi desenhado, contudo é-nos difícil fazer comparações pois muitos dos desenhos encontrados para o local não estavam datados.

Hoje, o parque apresenta um relvado central, delimitado por uma alameda de choupos-brancos (Populus alba) e choupos-negros (Populus nigra), à volta do qual se desenvolve a mata, onde se pode encontrar diverso arvoredo mediterrânico: sobreiros, carvalhos-portugueses (Quercus faginea), freixos (Fraxinus angustifolia), alfarrobeiras (Ceratonia siliqua), zambujeiros (Olea europaea var. sylvestris) e romãzeiras (Punica granatum). A preencher os espaços entre árvores surgem arbustos como o folhado (Viburnum tinus) e o aderno (Phyllirea latifolia) que contribuem para a diversidade de aves. Este espaço possibilita a o recreio ao ar livre, por entre uma vegetação autóctone típica de Lisboa, piqueniques, convívios ou actividades desportivas como jogos de bola, corrida ou ginástica.1.

 

(Carta de Atenas propôs o zonamento com o objectivo de atribuir a cada função e a cada indivíduo o seu lugar adequado, tendo por base a discriminação entre as diversas actividades humanas, pois cada uma reclamava o seu espaço particular. Defendeu a separação de zonas segundo funções-chave - habitar, trabalhar, recrear e circular - instaladas nos terrenos mais favoráveis e organizadas de acordo com uma rigorosa economia de tempo, controlada através da regulamentação das distâncias, definidas em função das unidades habitacionais.) 3.

 

 

 

1 Orçamento participativo

2. João Pedro S. Nunes “Planeamento urbano e urbanidade projectada – do bairro de olivais sul e de alguns contributos para uma sociologia do Fazer cidade”

3. Inês Maria Andrade Marques, Universidade de Barcelona – “Espaço habitacional e o lugar da arte no Bairro dos Olivais Sul, Lisboa”

4. Teresa Andressen, Do Estádio Nacional ao jardim Gulbenkian”

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